RTP 
Pode a Rússia tornar-se membro de pleno direito de uma organização  criada para combatê-la (ou à sua antecessora, a URSS)? Talvez, mas não  será a mesma coisa. A proposta, defendida por João Soares, pretende  captar o espírito de um tempo pós-"Guerra Fria". A contestação à Cimeira  de Lisboa já não vem apenas de manifestantes anti-NATO.
Segundo afirmações do presidente da assembleia da Organização para a  Segurança e Cooperação Europeia (OSCE) e também deputado do PS, citadas  pela agência Lusa, a Aliança encontra-se agora perante a "opção  estratégica fundamental" de admitir a Rússia como membro de parte  inteira,  abstendo-se de erros crassos como a admissão da Ucrânia e da  Geórgia, sem que estas façam parte, sequer, da União Europeia.
Segundo o mesmo João Soares há um motivo de peso para não manter a  actual situação: "a Rússia não é de facto a antiga URSS, essa visão é  diabólica na elaboração de uma nova estratégia para a NATO". Por outro  lado, pela positiva, motivos de peso para integrar a Rússia,  nomeadamente o facto de que  "toda a logística ocidental [na guerra do  Afeganistão] passa por países da antiga URSS e pela Rússia". 
Entretanto, o deputado do PSD Pacheco Pereira lamentou a "deslegitimação  do 'ethos' militar" e do "espírito das democracias  armadas", resultado de que "as questões de Defesa estão num gueto da  vida política portuguesa e num gueto que tende a encolher cada vez  mais". E lamentou também que a contabilidade dos temas da Defesa se  identificque com casos como o dos submarinos: "Já foram os F-16, agora  são os submarinos, esta é uma deslegitimação sistemática do papel das  Forças Armadas, e consequentamente das nossas alianças, como é o caso da  NATO".    
Entretanto, a Plataforma Anti-Guerra Anti-NATO (PAGAN) demarcou-se de  eventuais iniciativas violentas que venham a ocorrer durante a cimeira  da NATO. A organização denunciou o papel de grupos como os "Black Block"  e afirmou que "não pretende deixar lugar a ambiguidades e afirma a sua  indisponibilidade para aceitar a presença de grupos violentos no âmbito  das suas iniciativas e condena as suas atitudes".     
A PAGAN esclareceu que teve uma reunião formal com a polícia no passado  dia 27 de outubro, para dar conta da atitude que pretende adoptar  durante as manifestações de protesto.