Essa é a opinião de Pinjala Siva Subramanyam, diretor da ADA (Aeronautical Developmente Agency) da Índia, em entrevista ao “The Asian Age”
Poder Aéreo
O que fez o projeto e entrega do Tejas à Força Aérea Indiana, por parte da ADA, levar duas décadas e meia?
Subramanyam: Deixem-me dolocar as coisas em  perspectiva.  O projeto foi aprovado em 1983, mas os primeiros fundos só  vieram em 1993. Então, não podemos dizer que o projeto foi iniciado nos  anos 80. Além disso, o desenvolvimento dos modelos operacionais só  começou em 2001, sem a inclusão de radares e armas.
Nos últimos cinco anos, nós atingimos grandes feitos tecnológicos e  realizamos mais de 1.500 voos, muito mais surtidas do que esperávamos.  Deixe-me lhe dar o exemplo do European Aircraft Programme (EAP),  que  levou 30 anos em projeto e desenvolvimento. Então nós nos saímos bem,  apesar da lacuna em tecnologia.
Não foi apenas uma questão de tempo, mas também de ultrapassar os  custos. Aparentemente, 12.000 crore foram investidas no programa do  avião de combate.
Subramanyam: Esse valor vai manter o programa até  2018. Até o momento, aproximadamente  6.000 crore foram liberadas para  apoiar o projeto e o desenvolvimento, assim como cobrir o custo de  produção dos primeiros 20 caças, os sistemas de terra e infraestrutura  relacionada.
Todos os caças dessa classe custam aproximadamente `250 crore, com  custos de ciclo de vida proibitivamente caros (manutenção e revisão) por  30 anos. Nosso Tejas custará aproximadamente `200 crore com menos  gastos em manutenção, comparativamente.  O retorno do investimento será  tão alto quanto a tecnologia nutrida durante o tempo do projeto ajudará  nossa indústria a derivar o máximo de benefícios da política de offset  (compensações) de defesa.
Alguns dizem que poderíamos ter importado caças a jato ao invés de gastar anos, e tanto dinheiro, no desenvolvimento do Tejas.
Subramanyam: se tivéssemos optado por importar  caças, nossa proteção e segurança estariam nas mãos de algum outro país.  Agora, o mundo reconheceu nossa experiência em projetos aeroespaciais.  Agora está estabelecido, sem dúvidas, que somos um poder expressivo.  significativo. Nós percorremos um longo caminho e estou certo que o  “momentum” vai nos levar ainda mais longe, por volta do final da década,  quando estaremos pareados com outros em termos de tecnologia e  capacidade.
Estou certo de que teremos a “expertise” para desenvolver um caça de quinta geração.
Quais eram nossas forças e fraquezas quando o projeto foi lançado nos anos 80?
Subramanyam: Nós tínhamos uma lacuna (gap) de uma  geração (em termos de tecnologia) quando começamos. Não tínhamos nem  instalações como sistemas CAD (computer-aided design) Nosso compromisso  era a única força quando o primeiro time de 25 pessoas começou a  construir a expertise tecnológica para alcançar o melhor no mundo.
Uma boa liderança era o outro ponto forte, na medida em que éramos  liderados por Dr V.S. Arunachalam e Dr Abdul Kalam. O Governo nos deu  completa liberdade o tempo todo e até mesmo nos isolou da publicidade  negativa quando passamos por alguns períodos difíceis, particularmente  após as sanções tecnológicas impostas pelos EUA depois de nossos testes  nucleares em Pokhran, em 1998.
Por que o recebimento da IOC (initial operational clearance –  liberação para operação inicial – recebida em 10 de janeiro de 2011) é  um marco? 
Subramanyam: Durante o projeto e produção de  qualquer avião no mundo, projetistas atingem um estágio em que  estabelecem a segurança e confiabilidade da aeronave, e recebem um  certificado de uma organização independente de que ele está pronto para  ser entregue aos seus operadores. O Tejas acaba de atingir esse estágio.
Após o IOC, o caça passará por mais fases de testes e liberações  antes de receber a  liberação final de operação (final operational  clearance -FOC) . Isso será em dezembro de 2012, com a integração de  mísseis BVR ( Beyond Visual Range – além do alcance visual) e outras  armas que foram selecionadas pela Força Aérea Indiana. Tudo isso foi  agendado para os próximos dois anos, com monitoração constante pelo  Ministério da Defesa a cada três meses.
Os primeiros 20 caças a serem entregues à Força Aérea Indiana estarão  na configuração IOC, enquanto que os 20 seguintes estarão na  configuração FOC. Os pilotos se acostumarão com o caça voando na  configuração IOC. A configuração FOC terá características avançadas como  reabastecimento em voo. Então, o primeiro lote de 20 caças (na  configuração IOC) será atualizado e retornará à Força Aérea.
Como se pode reivindicar que o Tejas seja um caça nosso quando ele é propulsado por um motor americano (GE-F 404)?
Subramanyam:  Até onde sei, estamos trabalhando para  colocar o nosso motor Kaveri de volta aos trilhos, e estou certo de que  o Tejas apoiara seus testes. Tenho certeza de que ele será integrado ao  Tejas nos próximos cinco a sete anos. Concordo que o motor é importado,  mas nóa não poderíamos esperar pelo nosso próprio motor. Assim como  dominamos tantas tecnologias, estou certo de que dominaremos a dos  motores.
O Tejas vai se equiparar a um caça de quarta geração, em desempenho e capacidades?
Subramanyam: Ele será um caça de quarta geração  à época do FOC. Em capacidade e desempenho, ele estará mais próximo em  comparação ao sueco JAS-39 Gripen NG.
Mas o Chefe do Estado Maior do Ar, o Marechal do Ar, Naik, não parecia muito feliz com o Tejas durante a IOC.
Subramanyam: Não, não. Ele apenas estabeleceu  algumas metas para nós da mesma forma que já estava fazendo enquanto  monitorava o projeto. Ele agendou atividades como integração de armas,  testes extensivos a altos ângulos de ataque, e a FOC. Ele tem agido como  um duro capataz desde cedo e quer o caça pronto em todos os aspectos  antes do início da produção.
Veremos uma sequência ao Tejas, no que se refere a outro avião de combate?
Subramanyam: Claro que sim. O Governo já começou a  financiar o avão médio avançado de combate e o veículo aéreo de combate  não pilotado. Assim, o “momentum” será sustentado e também será um  multiplicador de vorças no que se refere a recursos humanos necessários  para essas missões.
A falta de recursos humanos será uma pedra no caminho de projetos futuros? 
Subramanyam: Esse é um desafio, mas vamos vencê-lo.  Estou certo de que o setor público e companhias privadas aparecerão com  pacotes atrativos para atrair talentos.  Tatas e Mahindras já fizeram  suas estréias em atividades aeroespaciais e poderão apoiar programas  futuros. Eu estava em uma escola de engenharia em Madurai  após a IOC e  vi que muitos jovens estão motivados para enfrentar os desafios  aeroespaciais indianos.
