A Bélgica reconhecerá o Estado da Palestina durante a Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro, em Nova York, anunciou nesta terça-feira (2) o ministro belga das Relações Exteriores, Maxime Prévot, juntando-se a outros países como França e Canadá.
RFI
No final de julho, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou que Paris reconhecerá o Estado da Palestina na Assembleia Geral da ONU, que ocorrerá entre 9 e 23 de setembro em Nova York. Na sequência, mais de uma dezena de governos ocidentais conclamaram outros países do mundo a fazer o mesmo. “A Bélgica se juntará aos países signatários da Declaração de Nova York, que traça o caminho para uma solução de dois Estados e, portanto, reconhece ambos”, detalhou o ministro.
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Bélgica anuncia que reconhecerá Estado da Palestina e ameaça sanções contra Israel © AFP - NICOLAS TUCAT |
“A Palestina será reconhecida pela Bélgica durante a sessão da ONU! E sanções severas estão sendo impostas ao governo israelense”, resumiu o chefe da diplomacia belga na rede social X.
No entanto, esse reconhecimento do Estado palestino está condicionado: ele só será formalizado oficialmente quando “o último refém for libertado e o Hamas não tiver mais qualquer função administrativa na Palestina”, esclareceu Maxime Prévot. Ele acrescentou que “qualquer antissemitismo ou glorificação do terrorismo por apoiadores do Hamas também será denunciado com mais veemência”.
Entre as 12 sanções contra Israel anunciadas pelo ministro, estão a proibição de importação da produtos oriundos de colônias israelenses, possíveis ações judiciais, restrições de sobrevoo e trânsito, e a inclusão na lista de “persona non grata” em território belga de dois ministros israelenses extremistas, vários colonos violentos e líderes do Hamas.
Essa decisão está longe de ser consensual dentro do governo belga, com membros dos partidos de direita N-VA e MR demonstrando forte resistência.
“Diante do drama humanitário que se desenrola na Palestina, especialmente em Gaza, e das violências cometidas por Israel em violação ao direito internacional (...), a Bélgica precisava tomar decisões firmes para aumentar a pressão sobre o governo israelense e os terroristas do Hamas”, justificou o ministro das Relações Exteriores.
“Perspectiva de futuro”
A questão é crucial para os representantes palestinos. “O reconhecimento do Estado palestino nos dá uma perspectiva de futuro”, destacou na segunda-feira (1°) a ministra adjunta das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, Varsen Aghabekian Shahin, em Roma.“Isso também envia uma mensagem clara: a única solução é reconhecer um Estado palestino que viva em paz e segurança ao lado do Estado de Israel”, insistiu.
Canadá e Austrália já manifestaram apoio à criação de um Estado palestino. O Reino Unido também anunciou que o reconhecerá, a menos que Israel assuma uma série de compromissos, incluindo um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Atualmente, três quartos dos Estados-membros da ONU reconhecem o Estado palestino, proclamado pela liderança palestina no exílio em 1988.
As pressões internacionais sobre o governo israelense aumentam para que se encontre uma saída para o conflito, que gerou uma grave crise humanitária no enclave palestino sitiado, onde vivem cerca de 2,4 milhões de pessoas. As violências na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, também se intensificaram desde o início da guerra em Gaza.
O ataque realizado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 causou, do lado israelense, a morte de 1.219 pessoas, em sua maioria civis, segundo levantamento da AFP com base em dados oficiais. As represálias israelenses em Gaza já mataram 63.557 pessoas, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Com AFP
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