EUA guiam ataques da Ucrânia à produção de petróleo da Rússia

Financial Times diz que EUA estão sugerindo alvos russos para Kiev atacar


Por Luiz Carlos Azenha | Revista Fórum

O Kremkin convocou mais uma vez o "general inverno" em sua guerra contra a Ucrânia.

À espera.A Ucrânia pode receber mísseis de longo alcance dos Estados Unidos, supostamente para levar Putin à mesa de negociações. | Wikipedia

A temperatura neste domingo, 12, em Kiev, chegou aos 5 graus, e ainda é outono.

É por isso que desde 20 de setembro a Rússia disparou 1.570 drones e 120 mísseis contra a Ucrânia, em ao menos três ondas de ataque, especialmente contra a infraestrutura de produção e transmissão de energia elétrica.

Os ataques causaram apagões generalizados, penalizando a população civil enquanto o governo de Volodymyr Zelenski continua sustentando que pode expulsar as forças de Vladimir Putin do território ucraniano.

Esta crença foi reforçada pela completa mudança de posição de Donald Trump, que prometeu acabar com a guerra em 24 horas mas está frustrado com seu colega Vladimir Putin.

Os russos sempre usaram o inverno como parte de seu "arsenal", notadamente contra Napoleão e mais recentemente Hitler.

Os ucranianos estão acostumados ao frio, mas os apagões causam grande desconforto e prejudicam o funcionamento do comércio e da indústria.

Na frente de batalha, onde as temperaturas no inverno chegam a menos 40 graus Celsius, os seguidos ataques russos tem o objetivo de saturar a defesa aérea da Ucrânia, com um general ucraniano estimando, em entrevista, que apenas 6% das baterias anti-mísseis Patriot, da Ucrânia, estão operando.

Os tanques, de volta

A Rússia tem demonstrado capacidade de se adaptar às novas condições do terreno, segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW), um think-tank pró-guerra baseado em Washington.

Por isso, mantém um lento avanço em trechos dos 1.200 quilômetros da frente de batalha no leste da Ucrânia.

De acordo com o ISW, um dos objetivos da Rússia é ter ao alcance de sua artilharia a cidade de Kharkiv, de cerca de 1,5 milhão de habitantes, no norte da Ucrânia.

Outro alvo de médio prazo é a cidade de Zaporizhia, que já teve 800 mil habitantes, na província que a Rússia anexou.

Para isso, sempre segundo os analistas de guerra do ISW, a Rússia voltou a utilizar formações de tanques, tirando proveito do tempo chuvoso e com ventos que reduz a capacidade de vôo dos drones de defesa da Ucrânia.

Estudiosos de guerra dos Estados Unidos, em artigo, dizem que a decisão russa de focar a guerra em drones transformou o campo de batalha.

Moscou comprou tecnologia e treinou seus pilotos de drone no Irã. Depois de utilizar drones Shahed importados, montou sua própria fábrica para produzir em massa uma versão do drone iraniano. Segundo a revista Military Review:

De acordo com especialistas militares russos, o drone Shahed representa um novo tipo de arma que está transformando a estratégia russa de saturar a infraestrutura militar e civil nas profundezas da Ucrânia por uma fração do custo. Com um custo estimado de US$ 35 mil por unidade, os drones Shahed oferecem uma alternativa econômica aos mísseis balísticos Iskander M (aproximadamente US$ 2 milhões) e aos mísseis de cruzeiro Kalibr (US$ 1 milhão).


Rússia e Ucrânia também estão utilizando drones ligados a cabos de fibra ótica de até 20 quilômetros, especialmente em missões de reconhecimento. Estes drones não emitem sinais eletrônicos e escapam da interferência do inimigo, oferecendo imagens de muito melhor qualidade.

Porém, ficam sujeitos a obstáculos como árvores, postes e outras estruturas.

Apoio direto dos EUA

A estratégia de defesa da Ucrânia foi levar a guerra ao território russo, em ataques que, de acordo com o Financial Times, contam com apoio direto dos Estados Unidos.

Os alvos são a infraestrutura russa de produção e exportação de petróleo.

Os ataques, de acordo com o FT, contam com o apoio de Donald Trump:

Três pessoas familiarizadas com a operação disseram que Washington esteve intimamente envolvida em todas as etapas do planejamento. Uma autoridade disse que a Ucrânia selecionou os alvos para ataques de longo alcance e Washington então forneceu informações sobre as vulnerabilidades russas. Mas outros envolvidos e informados sobre as operações disseram que os EUA também definiram prioridades de alvos para os ucranianos. Um deles descreveu a força de drones de Kiev como o "instrumento" para Washington minar a economia russa e pressionar Putin a chegar a um acordo.


A Ucrânia negocia para que o presidente Donald Trump forneça mísseis Tomahawk, cuja versão mais moderna tem alcance de até 2.500 quilômetros. Isso representaria uma grande escalada na guerra indireta entre a OTAN e Moscou.

Segundo o monitor do Centro de Política do Mar Cáspio, a Ucrânia já atacou 24 refinarias russas desde janeiro de 2024.

Por outro lado, depois de ter conquistado cerca de 20% do território ucraniano, o objetivo imediato da Rússia seria consolidar o controle das quatro províncias que anexou: Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporizhzhia.

Elas oferecem uma "ponte de terra" ligando firmemente a Crimeia ao território russo. A península, que votou pela anexação à Rússia, é essencial para o controle da margem norte do Mar Negro, de onde a Marinha russa pode se deslocar até o Mediterrâneo.
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