Diplomata japonês visita Pequim após provocações de primeira ministra
Por Yuri Ferreira | Revista Fórum
A China voltou a pressionar o governo japonês após as falas feitas pela primeira-ministra Sanae Takaichi sobre a possibilidade de uma operação chinesa para reunificar Taiwan.
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| Mao Ning | Divulgação/MFA |
Nesta segunda-feira (17), a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, pediu que Tóquio “pare de ultrapassar os limites” e reverta “palavras e ações errôneas”, segundo declaração divulgada durante coletiva regular.
O governo chinês reagiu a comentários recentes de Takaichi, que indicou que uma ação militar de Pequim contra Taiwan poderia representar uma “ameaça à sobrevivência” do Japão. As afirmações foram interpretadas por autoridades chinesas como um sinal de que Tóquio poderia agir em defesa das autoridades de Taipei. Para Mao Ning, as declarações “violam o espírito dos quatro documentos políticos entre China e Japão” e prejudicam “os alicerces das relações bilaterais”.
O diplomata japonês e diretor do Departamento de Assuntos para Ásia e Oceania do ministério de Relações Exteriores Masaaki Kanai visitou Pequim nesta segunda para possivelmente se reunir com autoridades chinesas, informa o Global Times.
Provocação japonesa
A tensão diplomática aumentou no fim de semana, quando navios chineses foram enviados às Ilhas Diaoyu, território administrado pelo Japão e reivindicado por Pequim. A movimentação ocorreu após dias de protestos oficiais chineses. O embaixador japonês em Pequim foi convocado para explicações, enquanto o governo chinês divulgou alertas de segurança pedindo que cidadãos evitem viagens ao Japão. Companhias aéreas passaram a oferecer reembolso integral de passagens.Além das medidas diplomáticas, a Guarda Costeira da China intensificou patrulhas na região das Diaoyu. O Japão assumiu o controle administrativo das ilhas após a Segunda Guerra Mundial, depois que os Estados Unidos transferiram a administração do território a Tóquio em 1972.
O porta-voz chinês Lin Jian, também do Ministério das Relações Exteriores, reiterou na sexta-feira (14) que o governo japonês deveria “corrigir e retirar de imediato” as declarações da primeira-ministra. “A China está altamente preocupada com isso e pede ao lado japonês que trate o assunto com seriedade, investigue e contenha tais declarações”, afirmou.
A chegada de Takaichi ao cargo ocorre em meio a reconfigurações internas no Partido Liberal Democrata (LDP), que governa o Japão há quase sete décadas. O avanço de correntes nacionalistas fortaleceu posições mais assertivas em temas de segurança. A premiê já havia sido criticada no passado por negar abusos cometidos pelo Império Japonês durante a Segunda Guerra Mundial, tema que foi central para a normalização das relações regionais após a publicação da Declaração de Murayama, em 1995.
As tensões também são ampliadas pelo anúncio recente de um pacote dos Estados Unidos para fornecer peças e suporte técnico a aeronaves da Força Aérea de Taiwan. Washington afirma que o objetivo é manter a capacidade operacional da frota de F-16, modelo em uso na ilha desde os anos 1990.

