O ministro da Defesa reduz cargos, autonomia e poder político de militares e  compra briga com o alto comando 
IstoÉ
 
 
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Ao anunciar a nova estrutura das Forças  Armadas, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, declarou guerra à caserna. Além de  subordinar ainda mais os militares ao poder civil, o projeto prevê a redução de  postos de comando, transfere o controle sobre as compras de materiais das três  Forças e alija os militares de todas as decisões políticas. Se custaram a  digerir a criação do próprio Ministério da Defesa há dez anos, os oficiais do  Exército, da Aeronáutica e da Marinha agora terão de engolir uma pílula ainda  mais amarga. Na opinião de generais ouvidos por ISTOÉ, o abalo maior atingirá o  Exército. 
Um deles, com posto de chefia no comando do Exército, afirma que as mudanças impostas por Jobim serão funestas para os quartéis. “O foco dessa reorganização é a retirada de poder das Forças Armadas. Militar vai virar enfeite”, revolta-se.
Um deles, com posto de chefia no comando do Exército, afirma que as mudanças impostas por Jobim serão funestas para os quartéis. “O foco dessa reorganização é a retirada de poder das Forças Armadas. Militar vai virar enfeite”, revolta-se.
Uma das medidas que tiram o sono dos militares é  a criação da Secretaria de Compras do Ministério da Defesa, que vai acabar de  vez com a independência das três Forças de adquirir seus respectivos materiais.  O principal argumento de Jobim é que a unificação permitirá ganho de escala.  
Mas, para os generais, cada Força tem suas  necessidades específicas. Outro projeto que assusta os quartéis é a fusão dos  comandos do Exército com os distritos da Marinha e os comandos da Aeronáutica. A  fusão das três Forças em “Estados-Maiores Regionais” é encarada como uma  pulverização do poder militar, que terá como resultado a redução de cargos de  chefia. 
A cúpula teme o aparelhamento das Forças Armadas  por civis e sindicalistas, como ocorreu em diversas estatais e autarquias  controladas pelo PT e o PMDB. No pacote de medidas que o ministro enviará nas  próximas semanas ao Congresso estão o projeto de lei para a transferência da  sede da Escola Superior de Guerra do Rio para Brasília e outro para a criação de  cargos de direção e assessoramento superior na ESG. 
Trata-se de cargos passíveis de indicação política. Para o presidente do Clube Militar, o general da reserva Gilberto de Figueiredo, certos setores exercem função de Estado. “Estão politizando o que não deve ser politizado. A Receita Federal, por exemplo, funcionava bem”, compara.
Trata-se de cargos passíveis de indicação política. Para o presidente do Clube Militar, o general da reserva Gilberto de Figueiredo, certos setores exercem função de Estado. “Estão politizando o que não deve ser politizado. A Receita Federal, por exemplo, funcionava bem”, compara.
Na Aeronáutica, a preocupação é com a ideia de  Jobim de transformar o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes  Aeronáuticos (Cenipa) em órgão civil. Estima-se na Aeronáutica que toda a  estrutura de prevenção e investigação de acidentes no País comporte 250 cargos,  grande parte DAS 8 e 9, ou seja, os maiores salários, e outros 60 de segundo  escalão. Em maio, Jobim disse ao comandante da Aeronáutica, Juniti  Saito, que a nova política segue orientação da ministra da Casa Civil, Dilma  Rousseff. 
O brigadeiro argumentou que o Cenipa é 100%  militar e que não há mão de obra civil para assumir as atividades de  investigação de acidentes aéreos. “Será uma transição traumática”, disse Saito.  E desabafou com auxiliares: “A batalha está perdida.” 
Para os militares, Jobim é pródigo em ideias,  mas não resolve o problema crônico das Forças Armadas de falta de recursos. “O  orçamento é pequeno e temos 30% contingenciados”, disse à ISTOÉ o comandante do  Exército, Enzo Peri. Segundo um general-de-brigada, o Exército não será  contemplado com nenhum dos grandes projetos a serem assinados no dia 7 de  setembro pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu colega francês  Nicolas Sarkozy. Enquanto a Aeronáutica se prepara para ganhar novos caças e a  Marinha, modernos submarinos, o Exército deve se contentar com alguns  helicópteros. “Os projetos da Aeronáutica e da Marinha já estavam em andamento  há muito tempo”, justifica o general Peri, para apaziguar os seus comandados.  Ele ressalta também que há em andamento um projeto de novos blindados.
O ministro já pôs gente de sua total confiança  na direção da Agência Nacional de Aviação Civil, na Infraero e nos principais  escalões do ministério. E certamente fará o mesmo ao preencher os cargos na nova  estrutura das Forças Armadas. Jobim garante que está preparado para a batalha  interna. 
“Os generais reclamam que queremos reduzir suas  autonomias. Isso é verdadeiro, nas atividades que não são exclusivas de  militares”, avisou, quando começava a desenhar as novas medidas. “Não tenho  problema de enfrentamento”, banca o ministro. 
Colaborou Claudio Dantas Sequeira 

Military has a lot of work to do. They are very loyal to the country. Thanks for this post.
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