Macron vai ao Brasil em busca de movimento sobre Ucrânia: o que assistir

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O líder francês inicia uma visita de três dias em 26 de março

Ele tentará convencer Lula a se aproximar da Ucrânia


Por Samy Adghirni e Simone Iglesias | Bloomberg

O presidente francês, Emmanuel Macron, inicia nesta terça-feira uma viagem de três dias ao Brasil como parte de sua conturbada estratégia para construir pontes entre as nações desenvolvidas e o chamado Sul Global.

Emmanuel Macron vê o Brasil como peça-chave entre as potências emergentes, dizem autoridades francesas | 
Foto: Ludovic Marin/AFP/Getty Images

No topo de sua agenda estará uma tentativa de convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a se posicionar sobre a guerra. Lula até agora buscou posicionar seu país como uma nação neutra que pode manter laços tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia. Macron emergiu como uma das vozes mais fortes sobre o conflito, alertando os aliados ocidentais de que o presidente russo, Vladimir Putin, representa uma ameaça existencial para a União Europeia.

Lula, por sua vez, quer que Macron acabe com sua oposição ao acordo de livre-comércio da UE com o bloco sul-americano Mercosul, que está no limbo desde que um acordo político foi alcançado em 2019.

Ucrânia


Macron vê o Brasil como um ator chave entre as potências emergentes, disseram autoridades francesas, especialmente por ocupar a presidência rotativa do G20, que inclui a maioria das maiores economias do mundo.

O líder francês aposta que suas diferenças com Lula sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia podem ser reduzidas, acrescentaram as autoridades, embora o Brasil considere que os dois lados compartilham a culpa pela guerra.

Lula rejeitou repetidamente armar a Ucrânia, argumentando que a estratégia dos EUA e da UE está minando a perspectiva de uma solução negociada. A postura do Brasil repercute em grande parte no Sul Global, que se refere a economias emergentes.

Conversações comerciais UE-Mercosul


No início deste ano, Macron pressionou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a encerrar a atual rodada de negociações sobre o possível acordo comercial do Mercosul entre a UE e Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai. As negociações acontecem há mais de duas décadas, mas as discussões estagnaram há cinco anos em meio a novas demandas ambientais europeias.

A medida de Macron é, em última análise, um esforço para apaziguar os agricultores franceses que protestam contra o que veem como importações baratas que não respeitam os mesmos padrões.

Ambiente


Em 2019, as tensões sobre o desmatamento da Amazônia levaram à interrupção dos laços franco-brasileiros sob o antecessor de direita de Lula, Jair Bolsonaro.

Com Lula retomando os esforços ambientais, os dois países voltam a cooperar na preservação. Embora Macron deva anunciar algum apoio aos programas verdes de Lula, é improvável que o líder francês revele uma contribuição para o emblemático Fundo Amazônia do Brasil.

Jatos Militares, Submarinos


O Brasil está pressionando a França a atualizar sua antiga frota de aeronaves de treinamento militar com novos jatos Phenom da Embraer SA. No entanto, isso entra em choque com o objetivo de Macron de fortalecer a soberania europeia, sustentado pela compra de bens militares dentro da Europa.

A Embraer também está tentando vender seu carro-chefe KC-390, um novo avião de transporte militar, que já vendeu para Holanda, Portugal e Áustria.

O Brasil constrói submarinos de design francês há mais de uma década. No entanto, um deles é um navio de propulsão nuclear com necessidades específicas de motores que o Brasil tem lutado para construir. Não está claro se Macron concordará com os pedidos do Brasil de mais cooperação em um campo sensível.

— Com a colaboração de Daniel Carvalho, Andrew Rosati e Leda Alvim

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