"O céu ficou vermelho": testemunha relata incêndio em depósito militar no Chade

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Ao menos nove pessoas morreram e 46 ficaram feridas no incêndio que atingiu o principal depósito de munições do exército do Chade, causando explosões em sequência durante a noite de terça-feira (18) para quarta-feira (19), na capital N'Djamena. O balanço, no entanto, é provisório, com muitos dos feridos em estado "extremamente grave", segundo ministro da Saúde do país africano, Abdelmadjid Abderahim, que não deu detalhes sobre o número de vítimas civis e militares.


RFI

"O céu ficou vermelho, ouvimos explosões muito fortes. Nós ouvíamos o barulho dos projéteis passando sobre nossas cabeças", relatou um vizinho do depósito à reportagem da RFI. "Eu tive medo pelas crianças, as portas batiam sozinhas", detalhou o homem.

Local do incêndio em um depósito de munições do Exército em NDjamena, Chade, em 19 de junho de 2024. AFP - JORIS BOLOMEY

De acordo com o ministro das Relações Exteriores e porta-voz do governo, Abderaman Koulamallah, a origem do desastre “não é criminosa”. "Esse depósito militar pegou fogo acidentalmente, provocando a explosão da munição lá dentro, acrescentou.

Durante duas horas, inúmeras explosões muito poderosas incendiaram o céu acima do arsenal localizado no distrito de Goudji, no norte da capital do Chade. As explosões abalaram edifícios a até 6 ou 7 quilômetros de distância.

O incêndio foi “contido” e “a situação está sob controle”, garantiu no início da manhã o ministro do Planejamento Regional, Mahamat Assileck Halata. “Apelo à população para que tenha calma e serenidade e evite manusear qualquer objeto que tenha caído” nas suas terras “ou em espaços públicos”, alertou.

Como se fosse guerra

Além de edifícios destruídos, as explosões deixaram uma cratera gigantesca dentro da instalação militar. Bombas não detonadas e outras munições ficaram espalhadas pelo chão, ao lado de carcaças carbonizadas de veículos blindados. De acordo com testemunhas, era como se o lugar tivesse sido devastado pela guerra.

Diante de casas em ruínas, uma família do bairro vizinho de Amsinéné, na fronteira com Goudji, chorava a morte de uma menina de seis anos. Uma bomba caiu no quarto dela, disse à AFP um primo da criança, sem revelar o nome. “Ela morreu queimada, não conseguimos retirá-la” da casa devastada, lamentou.

O arsenal de Goudji está localizado perto de várias guarnições e do quartel-general do exército, do aeroporto internacional Hassan Djamous e da base militar Adji Kosseï, que abriga membros das Forças Francesas no Sahel (FFS). Nenhum soldado francês ficou ferido, garantiu um oficial da FFS à AFP, e a base francesa não sofreu danos.

Durante a noite, o presidente Mahamat Idriss Déby Itno apresentou as suas condolências aos familiares das vítimas, sem especificar oficialmente o número de mortos ou feridos.

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