Ministério das Relações Exteriores russo afirmou em nota que os ataques contra instalações nucleares do país persa só encontram apoio "por parte dos países que são seus cúmplices de fato e agem por motivos oportunistas".
RT
Os ataques israelenses contra instalações nucleares pacíficas do Irã são ilegais e empurram o mundo para uma catástrofe nuclear, declarou em nota o Ministério das Relações Exteriores russo nesta terça-feira (17).
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Stringer / Gettyimages.ru |
No comunicado, o órgão enfatizou que a recente escalada entre Tel Aviv e Teerã provoca riscos de maior desestabilização em toda a região e, em primeiro lugar, nos Estados vizinhos das partes em conflito.
O Ministério enfatizou a reação "dura e intransigente da maioria dos países do mundo" aos ataques promovidos por Israel contra o território do Irã, incluindo à infraestrutura de energia nuclear do país persa, apontando que só encontram apoio "por parte dos países que são seus cúmplices de fato e agem por motivos oportunistas". Para embasar tal argumento, a nota traz os resultados da reunião de emergência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) do dia 13 de junho, e da sessão especial do Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), no dia 16 de junho.
A chancelaria russa denunciou que esses "simpatizantes" foram os que impuseram à direção do órgão de energia uma "'avaliação abrangente' ambígua" sobre o programa nuclear do Irã, cujos defeitos foram utilizados para "empurrar" uma resolução anti-iraniana, fornecendo "carta branca à Jerusalém Ocidental [Israel] e conduziu à tragédia".
"É evidente que as tentativas do campo ocidental de manipular o regime global de não proliferação nuclear e utilizá-lo para acertar contas políticas com países indesejáveis custam caro à comunidade internacional e são totalmente inaceitáveis", expressa a nota do Ministério russo.
Nesse contexto, denunciou que os contínuos e intensos ataques do país judeu contra instalações nucleares pacíficas do Irã são ilegais do ponto de vista do direito internacional, destacando que criam ameaças inaceitáveis à segurança internacional e empurram o mundo para uma catástrofe nuclear, cujas consequências serão sentidas em toda parte, inclusive em Israel. "A Rússia exorta os líderes israelenses a reconsiderarem e cessarem imediatamente os ataques a instalações e locais nucleares que estão sob garantias e são objeto de atividades de verificação da AIEA", destacou.
A Rússia ainda espera que um relatório detalhado seja formulado pelo Conselho de Governadores da AIEA e o Conselho de Segurança da ONU com "avaliações objetivas" sobre os danos causados pelas ofensivas de Tel Aviv e a intimidação aos inspetores nucleares no Irã, "cujas vidas foram expostas a ameaças mortais".
Moscou apoiou a posição iraniana sobre retomar contatos sobre seu programa nuclear com Washington, caso Israel cesse seus ataques contra o país persa, acreditando "firmemente que a solução desejada só pode ser garantida de forma confiável por meio da diplomacia e das negociações". "Os objetivos da não proliferação nuclear, cuja base fundamental é o TNP, não devem ser alcançados por meio da agressão e à custa de vítimas inocentes", conclui a nota.
Desde as primeiras horas do dia 13 de junho, quando Israel lançou um ataque não provocado contra o Irã, as duas nações têm trocado bombardeios.
A Rússia, a China e muitos países em todo o mundo condenaram veementemente a ofensiva israelense como uma grave violação da lei internacional e da Carta da ONU.
O presidente russo, Vladimir Putin, condenou os ataques em uma conversa com seu homólogo americano, Donald Trump, e expressou grande preocupação com uma possível escalada do conflito, que ''teria consequências imprevisíveis para toda a situação na região do Oriente Médio''.
Na América Latina, várias nações, incluindo Brasil, Venezuela, Cuba e Nicarágua, manifestaram contrariedade às ações de Tel Aviv. Reações semelhantes vieram de países do mundo islâmico, incluindo Turquia, Arábia Saudita, Egito e Paquistão.