Israel convoca 60 mil reservistas para tomar Cidade de Gaza

País avança com plano para ocupar principal cidade do território palestino em meio a nova rodada de negociações por cessar-fogo. Criítico da ação, presidente francês Macron diz que ação provocará "guerra permanente"


Deutsch Welle

O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, autorizou nesta quarta-feira (20/08) a convocação de 60 mil reservistas adicionais para tomar a Cidade de Gaza. O serviço de outros 20 mil soldados reservistas já mobilizados será prorrogado.

Israel prepara nova ofensiva em Gaza, onde já ocupa 75% do território © Elke Scholiers/Getty Images

Segundo porta-vozes militares, o plano para capturar uma das maiores cidades da Faixa de Gaza deve ser conduzido principalmente por militares da ativa. Tropas israelenses, que ocupam 75% do território palestino, já avançaram até os subúrbios em ruínas da cidade, incluindo os bairros de al-Zeitoun e Jabalia.

A convocação acontece poucos dias depois de o grupo palestino Hamas ter aceitado a última proposta de cessar-fogo apresentada por mediadores, em uma tentativa de interromper quase dois anos da guerra.

Netanyahu quer deslocar civis para o sul

O plano militar aprovado no começo do mês pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prevê que cerca de 1 milhão de civis que hoje estão no local se desloquem para acampamentos de tendas no sul do território palestino, onde o Exército afirma que fornecerá alimentos e assistência médica.

Netanyahu também defende, a longo prazo, realocar grande parte dos palestinos para outros países, o que chama de "emigração voluntária". Grande parte da comunidade internacional considera a medida um passo na direção de uma expulsão forçada.

Representantes militares israelenses argumentam que a Cidade de Gaza continua sendo o principal bastião do Hamas, grupo classificado como organização terrorista por Estados Unidos, União Europeia e outros países. Segundo o governo, um dos objetivos centrais da ofensiva é destruir a rede subterrânea de túneis do grupo.

Macron vê risco de "guerra permanente"

A operação gera preocupação entre observadores internacionais, que alertam para o agravamento da crise humanitária em Gaza, onde vivem cerca de 2 milhões de palestinos.

Netanyahu vem enfrentando pressão crescente dentro e fora do país para encerrar a guerra. Nesta quarta-feira, a Alemanha rejeitou a escalada da ofensiva israelense e o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que a operação arrastará a região para uma "guerra permanente".

A decisão também gerou controvérsia dentro do próprio país. Familiares de reféns temem que uma nova escalada militar comprometa a vida de seus parentes sequestrado pelo Hamas, enquanto ex-oficiais de segurança argumentam que há pouco a se ganhar militarmente com a nova ofensiva.

Hamas acata cessar-fogo

Na última segunda-feira o Hamas havia dado uma "resposta positiva" a uma proposta de cessar-fogo apresentada por mediadores internacionais.

Israel ainda não respondeu oficialmente, mas uma decisão deve ser tomada até o fim da semana, durante reunião do Gabinete de Segurança. A proposta em discussão, elaborada pelo enviado especial dos EUA Steve Witkoff, prevê uma trégua de 60 dias com a libertação de 10 reféns vivos em troca de prisioneiros palestinos.

Estima-se que 50 reféns ainda estão em Gaza, dos quais pelo menos 20 estariam vivos. Analistas especulam que o prolongamento da ofensiva israelense pode ser usado como estratégia de pressão para forçar o Hamas a negociar em condições mais desfavoráveis.

Novo ataque contra forças israelenses

Nesta quarta-feira, 15 combatentes palestinos atacaram uma posição militar israelense em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, segundo Israel.

Segundo o Exército de Israel, os combatentes abriram fogo, lançaram mísseis antitanque e conseguiram invadir a base. Tropas israelenses reagiram com apoio aéreo, matando 10 pessoas. Três soldados ficaram feridos, um deles em estado grave.

O Hamas, por meio de seu braço armado, as Brigadas al-Qassam, assumiu a autoria e declarou que tais operações continuarão "até o fim da ocupação e pela libertação do povo palestino".
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