Em meio ao aumento das tensões na costa da Venezuela, após operações militares recentes dos Estados Unidos no Caribe, o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou nesta quarta-feira (17) que a situação causa extrema preocupação ao Brasil.
Lucas Morais | Sputnik
O embaixador recebeu o título de doutor honoris causa da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, ocasião em que fez um discurso sobre os desafios da diplomacia e da defesa em um cenário internacional marcado por crises.
Segundo Amorim, o Brasil mantém o compromisso de preservar a América do Sul como uma região de paz.
"O Brasil valoriza a América do Sul como zona de paz e por isso se opõe à presença de forças militares extrarregionais no nosso continente. Vemos os exemplos recentes do emprego da força no mar do Caribe e próximo à costa da América do Sul com extrema preocupação."
O diplomata destacou ainda que, apesar de o Brasil apoiar o combate ao narcotráfico, esse esforço não deve ser confundido com a luta contra o terrorismo. "São ameaças com objetivos diversos que devem ser tratadas por meios distintos", disse.
"O Brasil valoriza a América do Sul como zona de paz e por isso se opõe à presença de forças militares extrarregionais no nosso continente. Vemos os exemplos recentes do emprego da força no mar do Caribe e próximo à costa da América do Sul com extrema preocupação."
O diplomata destacou ainda que, apesar de o Brasil apoiar o combate ao narcotráfico, esse esforço não deve ser confundido com a luta contra o terrorismo. "São ameaças com objetivos diversos que devem ser tratadas por meios distintos", disse.
Defesa sul-americana
Durante o discurso, Amorim reforçou a importância do Conselho de Defesa Sul-Americano, criado em 2008 no âmbito da Unasul e que teve um papel relevante na mediação de tensões entre Colômbia e Venezuela. Para ele, experiências como essa mostram a importância de fortalecer uma doutrina de defesa própria na região.
"Houve um período da história da América do Sul, na transição do século XIX para o século XX, em que bloqueios navais por potências externas eram recorrentes. Não por acaso, nesse mesmo período, vemos o fortalecimento do princípio da não intervenção nos países sul-americanos", lembrou.
Amorim também defendeu a retomada da Escola Sul-Americana de Defesa e a revisão de instrumentos herdados da Guerra Fria, como o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), que, segundo ele, já não responde aos desafios atuais.
"Houve um período da história da América do Sul, na transição do século XIX para o século XX, em que bloqueios navais por potências externas eram recorrentes. Não por acaso, nesse mesmo período, vemos o fortalecimento do princípio da não intervenção nos países sul-americanos", lembrou.
Amorim também defendeu a retomada da Escola Sul-Americana de Defesa e a revisão de instrumentos herdados da Guerra Fria, como o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), que, segundo ele, já não responde aos desafios atuais.
"Graças a essa escola, dirigida pelo professor [Antonio] Ramalho, o major brasileiro poderia encontrar o major peruano sem que tenha que ir a Washington", completou.
Amorim, que participou pessoalmente de mediações passadas, reconheceu as atuais divergências entre países do continente, mas argumentou que a cooperação em defesa é fundamental para gerar consensos e avançar na integração. Para ele, a proteção de recursos naturais e minerais críticos pode ser um tema prioritário para a cooperação sul-americana.
Conflitos globais
O embaixador chamou atenção para a gravidade do cenário internacional, marcado pela escalada de violência no Oriente Médio. Sobre o conflito em Gaza, destacou o risco de uma ampliação da guerra. "Em meus longos anos de diplomacia, nunca vi uma situação internacional tão grave. Temos duas guerras simultâneas, no Oriente Médio e na Europa, ambas com grande potencial de escalada", alertou.
Amorim recordou que o Brasil, durante a presidência do Conselho de Segurança da ONU em outubro de 2023, apresentou proposta de resolução para uma pausa humanitária em Gaza e libertação de reféns, apoiada por 12 países, mas vetada por um membro permanente. Para ele, o episódio demonstra a paralisia das instituições multilaterais diante das crises atuais.
"O isolamento crescente de Israel tem sido obra do próprio governo. Continuamos a defender a solução de dois Estados, com uma Palestina independente e viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança", afirmou.
Multilateralismo e BRICS
O ex-chanceler também ressaltou o papel do Brasil e do BRICS na defesa de uma nova ordem internacional. Para ele, o multilateralismo segue sendo a única forma legítima de enfrentar os desafios globais.
"A ordem internacional como conhecíamos acabou. É preciso reconstruí-la em novas bases. O multilateralismo é para o mundo o que a democracia é para os países", disse.
Amorim defendeu maior cooperação em temas estratégicos, como proteção de recursos naturais e desenvolvimento tecnológico, além da ampliação da integração com a África.
"A ordem internacional como conhecíamos acabou. É preciso reconstruí-la em novas bases. O multilateralismo é para o mundo o que a democracia é para os países", disse.
Amorim defendeu maior cooperação em temas estratégicos, como proteção de recursos naturais e desenvolvimento tecnológico, além da ampliação da integração com a África.
"O fortalecimento da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul requer engajamento constante do Estado brasileiro. Devemos continuar a sustentar o Atlântico Sul como uma zona livre de armas nucleares", destacou.
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