Um dos barcos da Flotilha de Gaza foi alvo de um ataque com drone na noite de segunda para terça-feira (9), no mar Mediterrâneo, próximo à costa da Tunísia. A informação foi divulgada por um dos integrantes do grupo, que publicou um vídeo mostrando o que parece ser uma explosão a bordo. A alegação foi negada pelas autoridades tunisianas, que afirmaram não ter detectado “nenhum” drone na região.
RFI
Segundo a publicação no Instagram da “Flotilha Global Sumud”, o barco “foi atingido por um drone em águas tunisianas”. A embarcação transporta ativistas e ajuda humanitária para o território palestino sob cerco israelense. Um vídeo publicado na rede social, gravado pela câmera de vigilância do barco, registra um zumbido. Em seguida, um ativista olha para cima, exclama e recua antes de uma explosão ser ouvida. Um clarão ilumina a área.
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Flotilha de Gaza diz ter sido atacada por drone com explosivo na costa da Tunísia © REUTERS - Jihed Abidellaoui |
“Vi um drone a cerca de quatro metros acima da minha cabeça. Chamei alguém para ver também”, relatou Miguel, um dos integrantes da flotilha que primeiro avistou o objeto. “O drone parou perto de nós, moveu-se para a parte dianteira do barco e lançou o que parecia claramente uma bomba”, continuou. “Houve uma grande explosão, muito fogo”, disse. “Estou bem, mas poderíamos ter sido mortos”, concluiu.
Um jornalista da AFP chegou rapidamente a Sidi Bou Said, próximo da capital Túnis, e viu que o barco estava cercado por outras embarcações, mas o fogo já havia cessado. Centenas de pessoas se aglomeraram no porto, gritando “Palestina livre, livre”.
Em outro vídeo publicado nas redes sociais da Flotilha, o brasileiro Thiago Ávila, que está a bordo, comentou o incidente: “Mais uma vez nossa missão foi atacada. Cinco meses atrás, já havíamos sido atacados. Sabemos quem são os que odeiam missões humanitárias como a nossa”, declarou. “Estou aliviado por saber que todos estão bem”, completou, acrescentando que o mundo precisa saber o que acontece em Gaza.
O porto de Sidi Bou Said está localizado não muito longe do palácio presidencial, em Cartago.
De acordo com a Flotilha, as seis pessoas a bordo estão sãs e salvas. O grupo relatou danos materiais e denunciou “atos de agressão com o objetivo de inviabilizar a missão”.
A Guarda Nacional Tunisiana informou à AFP que não detectou “nenhum drone”.
“Segundo as constatações preliminares, o incêndio ocorreu nos coletes salva-vidas”, disse o porta-voz Houcem Eddine Jebabli à AFP.
Relatos sobre a presença de um drone “são completamente infundados”, insistiu a Guarda Nacional em comunicado publicado em sua página oficial no Facebook, sugerindo que o incêndio pode ter sido causado por uma ponta de cigarro.
As embarcações da Flotilha Global Sumud zarparam de Barcelona para Gaza e atracaram no porto de Túnis, na Tunísia, no domingo (7), para uma escala. Embarcações da Itália também participam da iniciativa, que conta com a presença da ativista sueca Greta Thunberg.
A nova iniciativa surge após uma tentativa semelhante de entrega de ajuda a Gaza, da qual Greta Thunberg e Thiago Avila já haviam participado, mas que fracassou. O veleiro onde estavam, o Madleen, com 12 ativistas a bordo, foi interceptado em 9 de junho por forças israelenses a cerca de 185 km a oeste da costa de Gaza.
(Com AFP)