O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, disse depois de se encontrar com Vladimir Putin nesta sexta-feira que o líder russo anunciaria uma "proposta muito boa" para acabar com a guerra na Ucrânia, que ele disse ser amplamente apoiada pelos Estados Unidos.
Reuters
Lukashenko, que se encontrou com Putin em Moscou por mais de cinco horas, não disse o que a proposta implicava, mas acrescentou que ela havia sido delineada para o presidente dos EUA, Donald Trump, quando ele realizou uma cúpula com Putin no Alasca no mês passado.
![]() |
Putin se reúne com Lukashenko em Moscou 26/09/2025 REUTERS/Ramil Sitdikov |
"O presidente Putin e eu discutimos o assunto, mas não vou falar sobre ele. O próprio presidente dirá", disse Lukashenko, um aliado próximo de Putin.
LUKASHENKO DIZ QUE PROPOSTA É BOA PARA UCRÂNIA
"É uma boa proposta para a Ucrânia, propostas que foram ouvidas por Donald Trump no Alasca, entre outros lugares, e levadas a Washington para consideração e discussão. Uma proposta muito boa", disse Lukashenko ao repórter da TV russa Pavel Zarubin."Se os ucranianos não aceitarem essas propostas, será como no início da operação militar especial", acrescentou ele, usando o termo de Moscou para a invasão da Ucrânia. "Será ainda pior; eles perderão a Ucrânia."
A Rússia já havia insistido em termos que a Ucrânia rejeita como equivalentes à rendição, incluindo a entrega de mais território, a renúncia às ambições de adesão de Kiev à Otan e a imposição de limites ao tamanho de suas Forças Armadas.
Lukashenko estava falando três dias depois que Trump, em uma mudança inesperada, disse que a Ucrânia era capaz de recuperar todo o seu território perdido -- o que equivale a quase um quinto do país -- e que deveria agir agora porque a economia da Rússia estava em sérios problemas.
O Kremlin rejeitou esses comentários, atribuindo-os ao fato de Trump ter acabado de se encontrar com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, e dizendo que ele havia sido influenciado pela visão de Zelenskiy sobre o conflito. Zelenskiy disse que Putin está fingindo negociar, mas não tem interesse real na paz.
"Para evitar perder toda a Ucrânia, (Zelenskiy) não deve apenas negociar, mas concordar com termos favoráveis -- termos que, em geral, foram aprovados pelos norte-americanos", disse Lukashenko.
Ele também sugeriu que ele, Putin e Zelenskiy, como líderes de três Estados eslavos, deveriam se sentar e chegar a um acordo.
A Ucrânia diz que quer uma reunião entre Zelenskiy e Putin, mas a Rússia disse que isso só pode acontecer se o líder ucraniano concordar em ir a Moscou.
LUKASHENKO ISOLADO, MAS TRUMP TELEFONOU PARA ELE
Lukashenko se encontra com Putin com mais frequência do que qualquer outro líder estrangeiro e apoiou sua guerra na Ucrânia, embora sem enviar suas próprias tropas para lutar.Ele está isolado há anos pelas sanções ocidentais devido ao seu papel na guerra e ao histórico de direitos humanos. Mas, nas últimas semanas, Trump telefonou para ele, elogiou-o como um líder "altamente respeitado" e enviou um enviado a Belarus para conversações que levaram à libertação de mais de 50 prisioneiros políticos.
Autoridades dos EUA dizem que o governo Trump espera tirar Belarus da órbita geopolítica de Moscou, mesmo que apenas até certo ponto. Mas alguns analistas políticos consideram isso improvável, dada a forte dependência de Lukashenko -- política, econômica e militarmente -- de seu vizinho muito maior.
Sublinhando a proximidade do relacionamento, Belarus e Rússia realizaram exercícios militares conjuntos neste mês. Nesta sexta-feira, Lukashenko propôs a construção de uma usina nuclear no leste de Belarus que poderia fornecer eletricidade para as partes da Ucrânia controladas pela Rússia.
(Reportagem adicional de Gram Slattery em Washington)