Entenda impacto estratégico para Ucrânia caso Pokrovsk caia: ‘caminho livre’ para o avanço russo

A Rússia declarou neste sábado (1°) que soldados ucranianos cercados em Pokrovsk, cidade atacada há meses pelas forças russas na região de Donetsk (leste), começaram a se render. A Ucrânia, por outro lado, afirma que suas tropas melhoraram suas posições táticas na cidade. Os russos tentam capturar a cidade há meses. Se Pokrovsk cair, os russos poderão ter caminho livre para outras conquistas importantes na Ucrânia.


RFI

Segundo o exército ucraniano, a situação em Pokrovsk continua “difícil e em evolução”, mas os soldados teriam conseguido, por meio de contra-ataques, melhorar sua “posição tática” em vários bairros. “Estamos mantendo Pokrovsk”, declarou o chefe do Estado-Maior do exército ucraniano, Oleksandr Syrskyi, no Facebook. “Está em curso uma operação de grande escala para destruir e expulsar as forças inimigas de Pokrovsk.”, publicou a agência Reuters.

Soldados ucranianos perto da cidade de Pokrovsk, localizada na linha de frente na região de Donetsk, na Ucrânia, em agosto de 2025. © AP Photo/Evgeniy Maloletka

Kiev afirma ter enviado reforços para a região e diz estar se esforçando para cortar as linhas de abastecimento de Moscou. A Ucrânia já negou várias vezes que suas tropas estejam bloqueadas e cercadas na cidade, apelidada de “porta de Donetsk” pela mídia russa.

Pokrovsk, localizada na região de Donbas, no leste da Ucrânia, é uma cidade de importância estratégica. Caso seja conquistada, as forças russas poderiam lançar ofensivas contra as duas maiores cidades da região que ainda não controlam: Kramatorsk e Sloviansk.

Exército russo poderá ter caminho livre para o oeste do país

Além de Pokrovsk, a cidade vizinha de Myrnograd também está ameaçada, já que enfrenta a ofensiva russa e está isolada. A única estrada de acesso para os ucranianos está sob fogo russo. O abastecimento é difícil e uma evacuação parece impossível. Pokrovsk e Myrnograd formavam uma área metropolitana importante de cerca de 100 mil habitantes.

Essas duas cidades permitiram por muito tempo ao exército ucraniano frear o avanço russo em direção ao oeste do país. Uma zona urbana, com seus prédios e infraestruturas, é mais fácil de defender. Por outro lado, a oeste de Pokrovsk, o terreno é plano. Trata-se de uma área agrícola muito mais fácil de atravessar — e também muito mais fácil de conquistar.

Para o ex-general francês e estrategista Olivier Kempf, o recuo do exército ucraniano na região de Pokrovsk pode ter consequências graves para o desenrolar da guerra.

“Atrás de Pokrovsk, há apenas campos, e não é com algumas trincheiras e fios de arame farpado que se resiste de forma tão duradoura quanto em uma grande aglomeração urbana”, disse à RFI.

Segundo Kempf, se Pokrovsk cair, o exército russo terá o caminho livre e poderá então tentar avançar para o oeste. Haveria poucos obstáculos até Dnipro, terceira maior cidade do país, situada a cerca de 200 quilômetros. Mas outra opção estratégica se apresenta: concentrar seus esforços ao norte e buscar a conquista de Kramatorsk e Sloviansk, último núcleo urbano ainda controlado pelos ucranianos na frente leste.

Rússia superou número de ataques em outubro

A Rússia também declarou neste sábado que 11 membros das forças especiais ucranianas enviados como reforço nos últimos dias a bordo de um helicóptero de ataque foram mortos — informação negada por uma fonte militar ucraniana.

O canal Zvezda, ligado ao Ministério da Defesa russo, divulgou um vídeo mostrando dois homens apresentados como soldados ucranianos se rendendo em Pokrovsk.

Moscou busca conquistar toda a região de Donetsk, da qual a Ucrânia ainda controla cerca de 10%, ou aproximadamente 5 mil km² na parte ocidental.

A Rússia disparou mais mísseis contra a Ucrânia em outubro do que em qualquer outro mês desde pelo menos o início de 2023, em ataques noturnos direcionados principalmente à rede elétrica, de acordo com uma análise de dados ucranianos feita pela AFP.

As forças russas lançaram 270 mísseis contra o país em outubro, um aumento de 46% em comparação com setembro, segundo uma compilação de dados fornecida diariamente pela Força Aérea Ucraniana.
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