'Pode evoluir para uma guerra': analistas comentam situação no estreito de Kerch

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O dia de ontem (25) foi marcado por uma confrontação perigosa entre navios russos e ucranianos no estreito de Kerch, após os últimos terem entrado nas águas territoriais da Rússia sem avisar a parte russa. Qual foi o objetivo desta provocação? Os especialistas explicam.


Sputnik

Na noite do domingo, o Serviço Federal de Segurança russo comunicou que três navios ucranianos, Berdyansk, Yanu Kapu e Nikopol, que tinham entrado na área depois de um incidente com um rebocador ocorrido antes, acabaram detidos por ignorar as advertências russas. Durante a detenção, foram usadas armas, o que resultou em ferimentos graves de três militares ucranianos. Estes, por sua vez, logo receberam assistência médica e não correm risco de vida.


Três navios ucranianos, Berdyansk, Yanu Kapu e Nikopol, detidos pela parte russa por violar a fronteira, em 25 de novembro de 2018
Navios ucranianos que invadiram a Rússia © Sputnik / Aleksei Malgavko

A Rússia iniciou um processo penal por violação da sua fronteira marítima, enquanto o estreito de Kerch foi fechado temporariamente para navios civis como medida de segurança. Já o Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia votou pela introdução da lei marcial por um prazo de 60 dias no território do país, iniciativa apoiada pelo presidente ucraniano, Pyotr Poroshenko. Agora, a decisão final cabe à Suprema Rada, que votará às 16 horas locais de hoje (12h00 de Brasília).

Em opinião do analista militar e professor da Universidade de Economia Plekhanov, Andrei Koshkin, expressa ao serviço russo da Rádio Sputnik, a decisão de violar a fronteira russa foi provavelmente tomada pelo próprio presidente ucraniano.

"Muito provavelmente, a violação da fronteira [russa] foi uma decisão do presidente ucraniano Pyotr Poroshenko e esta está relacionada com a agenda política interna, particularmente com a campanha eleitoral. Ele quer resolver o problema da sua falta de popularidade e, para ganhar as eleições, foi tomada essa decisão provocativa, que resultou na intenção de introduzir a lei marcial por 60 dias", argumentou ele.

Deste modo, destaca o especialista, Poroshenko tenciona ganhar mais um mandato "através da força".

"Entretanto, há um fator externo — a reunião do G-20 em Buenos Aires, onde haverá um encontro entre os presidentes russo e estadunidense. Provavelmente, Poroshenko quer chamar a atenção para a Ucrânia", disse Koshkin.

O cientista político Vladimir Kireev, que também falou com o serviço russo da Rádio Sputnik, acredita igualmente que a provocação foi orquestrada precisamente pelo líder ucraniano.

"Sim, foi uma provocação deliberada com o objetivo de declarar a lei marcial e ulterior agravamento do conflito. Eu acredito que esta situação pode levar a uma escalada imprevisível. Independentemente da forma como eles querem gerir a situação — anunciar a lei marcial, cancelar as eleições para ficar no poder, cumprir suas obrigações perante seus patrocinadores em Washington ou em algumas outras capitais, ou criar problemas para a Rússia — essa situação pode evoluir para uma verdadeira guerra", destacou.

Aliás, continuou, o número de envolvidos no conflito pode aumentar. Já caso os ucranianos aproveitem a lei marcial para reaver a região de Donbass, isso "pode provocar o envolvimento da Rússia e uma confrontação direta entre Kiev e Moscou", concluiu.

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