Enquanto o Brasil avança com a incorporação do primeiro VBC 8×8 Centauro II, a Argentina ainda não definiu seu futuro veículo blindado de combate com rodas

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Depois de superar os inconvenientes alfandegários que surgiram na Alemanha e que atrasaram seu transporte, o primeiro Veículo Blindado de Combate de Cavalaria (CBV) 8×8 Centauro II chegou ao Brasil para reforçar as capacidades de combate do Exército Brasileiro, de acordo com as disposições do Programa Estratégico de Forças Blindadas. Esta é a primeira de duas unidades amostrais, recentemente adquiridas, para iniciar o processo de avaliação técnica e operacional.


Por Mariano Germán Videla Solá | Zona Militar

Atualmente, esse programa representa uma das maiores adições ao EB, já que além de substituir os blindados 6×6 EE-09 Cascavel em serviço desde a década de 1970, o novo Centauro II, produzido pelo consórcio italiano Iveco-Oto Melara, possui um alto nível de tecnologia a bordo, tendo como principal arma um canhão estabilizado de 120 mm.


Um dos destaques deste projeto foi a transferência de tecnologia para a produção do chassi e da torre que abriga o canhão de 120 mm pelo Complexo de Defesa Iveco em Sete Lagoas, por meio de um sistema de compensações e compensações. Além das peças mencionadas, a empresa brasileira IMBEL desenvolverá munições de 120 mm, enquanto a AEL Sistemas será responsável pelo desenvolvimento de um simulador para futuros operadores do Centauro II.

O desenvolvimento de um veículo com essas características é um exemplo da política de defesa iniciada décadas atrás pelo Brasil, destacando-se pelo fortalecimento de seu Complexo Industrial Militar. Em particular, o desenvolvimento iniciado há 50 anos com os blindados EE-09 Cascavel e EE-11 Urutu da Engesa, e o mais recente VBTP-MR Guarani produzido pela Iveco, são exemplos da consolidação de projetos que visam dotar o EB de uma força blindada que integra tanto a transferência de tecnologia quanto o desenvolvimento da indústria local.

Refira-se que desde a assinatura do contrato, o programa tem progredido a um ritmo constante, tendo concluído a primeira fase, que consiste na entrega dos dois primeiros Centauro IIs para testes, vinte meses após a sua assinatura a 15 de dezembro de 2022. O cumprimento de prazos somado à determinação na realização de projetos de médio prazo contrasta com a realidade argentina, particularmente o projeto de incorporação de Veículos Blindados de Combate (VCBR) de 8×8 rodas para o Exército Argentino (EA).

Após o desenvolvimento fracassado do programa de desenvolvimento local dos Veículos de Combate com Rodas (VCBR) que resultou nos protótipos VAE (Veículo de Exploração Anfíbia) e VAPE (Veículo de Exploração Anfíbia Pesada), a EA está perto de chegar a cinco décadas sem especificar a incorporação de uma capacidade que complementará os veículos blindados de infantaria M113 em suas diferentes versões e TAM VCTP.

O avanço da mecanização da infantaria argentina foi truncado em termos de veículos blindados de rodas, com diferentes projetos para a aquisição de uma série de veículos, com o VBTP-MR Iveco Guaraní ganhando relevância nos últimos anos, modelo para o qual o Ministério da Defesa assinou uma carta de intenções para 156 unidades em 23 de janeiro de 2023, e mais recentemente o VCBR Stryker ganhou terreno novamente.

Em relação ao produto brasileiro, o grau de avanço nas negociações, somado à iniciativa política da administração a cargo do então ministro Jorge Taiana, levou à realização de uma Avaliação Técnica Operacional (ETO) no período de 25 de maio a 24 de junho de 2021, em diferentes unidades militares das Forças Armadas da República da Argentina.

O ETO foi dividido em três fases: o ETO 1 teve como objetivo realizar testes dimensionais, pesagem, verificações de pressão no solo, tempo de uso automático de enchimento dos pneus, além de submeter o veículo a obstáculos na pista do 602º Batalhão do Arsenal em Boulogne Sul Mer, província de Buenos Aires, que possui rampas laterais, longitudinais, degraus, sarjeta, curvas de pequeno raio, entre outros.

O ETO 2 ocorreu na cidade de Pigüe, província de Buenos Aires, realizando o treinamento de pessoal do 3º Regimento de Infantaria Mecanizada (RI Mec 3) para posteriormente realizar várias práticas diurnas e noturnas, incluindo obstáculos verticais, rampa vertical, rampa lateral, teste de frenagem a 60 km / h, trincheira, entre outros.

Por fim, o ETO 3 foi realizado na Base de Infantaria Naval da Marinha (BNIM) em Punta Alta, Província de Buenos Aires), com o objetivo de realizar testes em terreno arenoso e a avaliação do sistema de armas de controle remoto (estação REMAX de 30mm).

Apesar de marchar em ritmo aparentemente firme, a falta de financiamento do Brasil, somada à mudança de gestão em dezembro do ano passado, significou uma pausa na possível incorporação do Guarani, ganhando terreno novamente no início do ano uma oferta de blindados Stryker. Este último incluiria pelo menos oito (8) unidades VCBR LAV III, que fariam parte do primeiro lote de um plano mais ambicioso, que chegaria a um lote de aproximadamente 40 (quarenta) unidades.

De acordo com a doutrina atual, com o potencial desenvolvimento de capacidades no uso do LAV III, a EA busca avançar para um lote de até 207 unidades, pensando em dotar as diferentes unidades do conceito de família blindada, embora não tenham sido fornecidos mais detalhes sobre as versões de interesse.

Sem dúvida, um dos pontos fortes desse plano é ter um financiamento e apoio consideráveis dos EUA, com a ideia de avançar em um plano sistêmico semelhante ao que terminou com a aquisição dos F-16 pela Força Aérea Argentina. Na ausência de notícias e de uma decisão que materialize algumas das opções atuais, permanece a questão sobre o futuro do VCBR argentino, estendendo um desejo da EA de quase cinquenta anos atrás.

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