O Brasil fortalece a autonomia estratégica com o primeiro drone a jato totalmente nativo ATD-150 (VIDEO)

Em 29 de março de 2025, a empresa brasileira Nest Design Aerospace apresentou o ATD-150, descrito como a primeira aeronave não tripulada a jato 100% projetada no país. 


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O sistema foi desenvolvido especificamente para servir como alvo aéreo para as Forças Armadas brasileiras e também está sendo considerado para exportação para usuários internacionais. De acordo com o fabricante, o ATD-150 destina-se a replicar ameaças aéreas avançadas em ambientes de treinamento e visa melhorar a prontidão operacional, fornecendo uma solução doméstica para exercícios de combate simulados e testes de sistema.

O perfil de missão principal do ATD-150 inclui aplicações como treinamento de ataque aéreo, treinamento de engajamento ar-ar, preparação do sistema de defesa aérea e simulação de ameaça de mísseis de cruzeiro. (Fonte da imagem: Nest Design Aerospace)

De acordo com as informações disponíveis, o ATD-150 tem um peso máximo de decolagem (MTOW) de até 150 kg e uma capacidade máxima de carga útil de 15 kg. Ele pode operar em altitudes entre 10.000 e 15.000 pés, com um teto de serviço de 20.000 pés. Sob condições de voo de FL150 e ISA+35, atinge uma velocidade de cruzeiro de Mach 0,6. O sistema de propulsão é o motor turbojato TM TJ-200, desenvolvido no Brasil pela Turbomachine. O UAV funciona com Jet A-1 ou querosene de aviação. A Nest Design Aerospace afirma que essa configuração permite que o ATD-150 funcione como um alvo a jato de alta velocidade, adequado para simulações de ameaças complexas e realistas durante operações de treinamento e exercícios de defesa aérea.

O perfil de missão principal do ATD-150 inclui aplicações como treinamento de ataque aéreo, treinamento de engajamento ar-ar, preparação do sistema de defesa aérea e simulação de ameaça de mísseis de cruzeiro. Também se destina a apoiar a coleta de dados de inteligência e a avaliação de sistemas de armas de defesa. O UAV está equipado com uma série de recursos a bordo projetados para simular comportamentos e características do adversário. Isso inclui navegação de waypoint pré-programada, um gerador de fumaça para aumentar a visibilidade durante os exercícios de rastreamento e rotinas automatizadas de manobras evasivas. Ele também integra um Indicador de Distância de Falha (MDI) para registrar a proximidade de tentativas de interceptação e possui aumento passivo de sinal de RF, capacidade de transmissão de vídeo em tempo real e uma assinatura infravermelha (IR). A pilotagem pode ser conduzida manualmente ou através de modos de controle semi-autônomos ou totalmente autônomos, dependendo dos requisitos da missão.

A Nest Design Aerospace caracteriza o ATD-150 como uma iniciativa totalmente brasileira, concebida, projetada e montada dentro da base industrial de defesa nacional. De acordo com a empresa, o programa reflete um esforço para estabelecer uma capacidade nacional no campo de drones de alvos aéreos a jato, oferecendo um recurso para treinamento e validação de sistemas que não depende de plataformas estrangeiras. A aeronave também é descrita como um sistema que suporta múltiplas configurações e destina-se a atender às necessidades operacionais das forças armadas que se preparam para ameaças aéreas avançadas.

Como parte de seus esforços promocionais e de engajamento da indústria, a Nest Design Aerospace participou da LAAD 2025, uma grande exposição de defesa e segurança realizada no Rio de Janeiro. A empresa informou que sua equipe se envolveu com fornecedores, potenciais parceiros e clientes durante o evento. A Nest Design Aerospace observou que o ATD-150 atraiu a atenção na exposição, com muitos participantes já familiarizados com a plataforma. De acordo com a empresa, essa exposição ajudou a reforçar seu objetivo de promover novas colaborações estratégicas e aumentar a visibilidade de seu programa de alvos aéreos nos setores de defesa nacional e internacional.

A Nest Design Aerospace também divulgou material anunciando que o ATD-150 está se aproximando de sua fase operacional inicial. De acordo com a empresa, todas as atividades de desenvolvimento, desde a integração de componentes e testes funcionais até a verificação de desempenho, estão progredindo em direção ao que descreve como um marco significativo na aviação nacional. Materiais de vídeo adicionais foram lançados, destacando as fases de design e teste do programa. A empresa afirmou que mais atualizações e visões detalhadas do UAV são esperadas em um futuro próximo.

O primeiro esforço documentado do Brasil para construir um UAV a jato foi o CBT BQM-1BR, desenvolvido em 1983 pela Companhia Brasileira de Tratores (CBT) em cooperação com o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial. Destinada a aplicações militares e civis, incluindo reconhecimento, ataque e tarefas agrícolas, a aeronave apresentava um motor turbojato (Tietê JT2) montado em uma nacela na fuselagem traseira. Tinha um comprimento de 3,89 metros, uma envergadura de 3,18 metros e um peso máximo de decolagem de pouco mais de 90 quilos. Podia atingir velocidades de até 560 km/h e um teto de serviço de 6.000 metros. Apesar de um plano inicial da Força Aérea Brasileira de adquirir 20 unidades, apenas duas foram construídas, e o projeto foi descontinuado devido às condições políticas e econômicas nacionais. Separadamente, as instituições de pesquisa aeroespacial do Brasil também têm trabalhado em sistemas de propulsão a jato, como o motor scramjet 14-X, desenvolvido pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv) como parte do programa PropHiper. Testado em voo pela primeira vez em dezembro de 2021, o scramjet foi integrado a um veículo demonstrador hipersônico que atingiu um apogeu de 160 quilômetros após o lançamento do Centro Espacial de Alcântara. Embora projetado principalmente para aplicações espaciais e de defesa, o 14-X ilustra o interesse contínuo em sistemas avançados de propulsão de respiração aérea no Brasil.

Vários outros VANTs foram desenvolvidos no Brasil, com foco em plataformas movidas a hélice para funções táticas, de vigilância e de mapeamento. O SantosLab Carcará, que voou pela primeira vez em 2009 e atualmente é utilizado pela Marinha do Brasil, é um VANT leve projetado para operação por um único soldado em ambientes restritos. Oferece autonomia entre 60 e 95 minutos e inclui uma opção de carga útil para sensores infravermelhos ou câmeras com zoom. O FT Sistemas FT-100 Horus é outro VANT de pequeno porte, utilizado tanto pelo Exército quanto pela Marinha do Brasil, com alcance operacional de até 15 quilômetros e autonomia de até duas horas. Em 2015, três FT-100 foram exportados para um cliente militar africano não revelado, tornando-se o primeiro UAV brasileiro conhecido por ter sido vendido no exterior. O Avionics Services Caçador foi desenvolvido a partir do israelense IAI Heron com transferência de tecnologia e propriedade parcial da IAI Brasil. Com uma envergadura de 16,6 metros, um peso de decolagem de 1.270 kg e autonomia de 40 horas, o Caçador possui um teto de serviço de 9.100 metros e está equipado para operações multifuncionais.

A XMobots, de propriedade privada, também contribuiu para a indústria de UAV do Brasil por meio de sistemas projetados principalmente para fins civis e de mapeamento, com base em tecnologia desenvolvida nacionalmente. Seu primeiro VANT, o Apoena 1000B, realizou monitoramento aéreo sobre a Amazônia e apoiou o levantamento na usina hidrelétrica de Jirau de 2010 a 2013. A série Apoena inclui UAVs com autonomia de até 8 horas e capacidade de carga útil de 10 quilos. Desenvolvimentos posteriores incluem o Nauru 500A (autonomia de voo de 5,5 horas, carga útil de 15 quilos), que em 2013 se tornou o primeiro UAV privado no Brasil a receber um Certificado de Voo Experimental da ANAC. O Echar 20A, lançado no mesmo ano, foi o primeiro VANT do Brasil com lançamento e pouso automáticos. Outros sistemas, como o Avibras Falcão (com carga útil de 150 quilos e mais de 16 horas de resistência) e o Atobá XR da Stella Tecnologia, que tem velocidade de cruzeiro de 370 km/h e autonomia de até 35 horas, são projetados para missões ISR e de ataque. O Atobá XR, desenvolvido a partir do drone de reconhecimento Atobá anterior, integra radar AESA, sensores EO/IR, SATCOM e três hardpoints. 




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