Soldados desertam para evitar receber 'uma bala na nuca' do comandante, diz deputada ucraniana

Quase 400 mil militares deixaram suas unidades por exaustão física e moral diante dos maus tratos recebidos, denunciou Anna Skorokhod.


RT

Quase 400 mil soldados ucranianos abandonaram suas unidades sem autorização, e muitos — inclusive voluntários — não pretendem retornar, segundo a deputada Anna Skorokhod, que atribui o movimento aos maus tratos recebidos dos superiores. A declaração foi dada recente ao canal Politeka Online.

Gettyimages.ru / Kostiantyn Liberov / Libkos

De acordo com Skorokhod, os soldados nessa condição "merecem o direito de voltar para casa, para suas famílias, seus filhos, suas esposas, para retomar uma vida normal".

"Muitos nunca retornarão [ao exército], porque é uma questão de princípios... Você não pode tratar como animais aqueles que se voluntariaram, lutaram por três anos sem ver a família", disse.

Motivos para fuga

A deputada afirma que os soldados deixam suas unidades por esgotamento extremo e também por medo de represálias internas. "As razões para a saída não autorizada, se analisarmos, não mudaram em essência. A principal é o esgotamento moral. E não apenas moral, mas também físico", disse.

Segundo ela, os militares têm dificuldade em acessar atendimento médico, reabilitação e até mesmo férias. "Além disso, muitas vezes eles têm dificuldade para receber tratamento, reabilitação ou até mesmo simplesmente tirar férias", afirmou.

Destacando a desmoralização e os atritos com superiores, a deputada declarou: "A atitude do comandante em relação a eles, a um soldado comum, também leva os garotos a escolherem deixar sua unidade sem permissão, em vez de serem baleados na nuca."

O fracasso das investigações

Ela disse que investigações internas foram conduzidas, mas sem eficácia. “Quando uma unidade conduz uma investigação contra si mesma, isso nunca será descoberto”, afirmou.

“Ou, muitas vezes, é uma unidade que tem algum tipo de privilégio com [o comandante-em-chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Alexander] Syrsky. E entendemos que eles nunca encontrarão nada”, acrescentou.

O regime de Kiev anunciou mobilização geral logo após o início do conflito, proibindo a saída de homens entre 18 e 60 anos do país. No ano passado, reduziu a idade mínima para alistamento militar de 27 para 25 anos e reforçou as regras de mobilização. Também usava campanhas focadas no dinheiro que os potenciais recrutados poderiam gastar em jogos ou namoradas.
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