Alckmin descarta que venda de KC-390 na Índia esteja vinculada à compra de aeronaves indianas pela FAB

A recente visita de uma delegação brasileira de Defesa à Índia levantou rumores sobre uma possível compensação pelo Brasil caso a Embraer tenha sucesso na venda de aeronaves KC-390, mas isso foi descartado pelo vice-presidente brasileiro.


Por Carlos Martins | Aeroin

Na comitiva estavam presentes Geraldo Alckmin, vice-presidente do Brasil, o comandante da Aeronáutica, Marcelo Damasceno, e o ministro da Defesa, José Múcio, que celebraram a abertura de um escritório da Embraer na Índia.


Atualmente, a Força Aérea da Índia está com licitação aberta para a compra de até 80 cargueiros, com o KC-390 Millennium, da Embraer, disputando com o A400M, da Airbus.

Em entrevista ao portal BharatShakti, Alckmin afirmou que “Não tem precedência aí. A Embraer já tem aviões voando na Índia em associação com uma empresa indiana. É do interesse dela fazer equipamentos aqui na Índia. Mas não existe relação com outros assuntos de natureza comercial.”

O mesmo tom foi seguido pela Embaixada Brasileira em Nova Délhi, que informou ao mesmo portal que “as relações de defesa não são baseadas em acordos recíprocos, mas no reconhecimento da alta qualidade e avanço tecnológico das indústrias de defesa e nas relações estratégicas fortes entre nossos países.”

Recentemente, parte da mídia indiana, que inclusive espalhou alto nível de desinformação sobre combates aéreos inexistentes no recente conflito com o Paquistão, divulgou que a Força Aérea Brasileira estaria disposta a comprar o caça leve Tejas, fabricado pela HAL, além de helicópteros de ataque Prachand, da mesma fabricante, como compensação pela venda do KC-390.

Porém, o Tejas está bastante atrasado nas entregas, e a FAB, apesar do orçamento bastante limitado, precisaria de uma aeronave com entrega mais imediata para substituir o AMX, que se aposentará em menos de dois anos.

Outro ponto comentado seria o sistema de defesa antiaérea de longo alcance, o Akash. A proposta já havia sido descartada extraoficialmente pelo Exército Brasileiro, que ficou irritado com a proposta indiana de oferecer apenas os mísseis de geração antiga e, mesmo os novos, o Akash-NG, não têm o desempenho desejado.

Hoje, a força terrestre está bem próxima de comprar o CAMM em sua versão terrestre, que é o EMADS (Land Ceptor), seguindo a Marinha do Brasil, que escolheu o Sea Ceptor para a recém-lançada Fragata Tamandaré. O plano B seria o IRIS-T SL, da alemã Diehl, em parceria com a Saab, usando a mesma família de mísseis que a FAB já utiliza no caça F-39E Gripen.

Em conversa com oficiais de dois Grupos de Artilharia Antiaérea do Exército, que pediram sigilo de fonte, o AEROIN apurou que a rejeição pelos sistemas indianos e russos é notória: “Todos os altos oficiais que foram à Índia não ficaram encantados com os sistemas, por terem muitas semelhanças com os mísseis russos, que se mostraram incapazes na Ucrânia, e por serem mais complexos operacionalmente. Já não usamos mais o Igla (russo) para termos o mais capaz RBS 70. Olhar nessa direção (da Índia e da Rússia) seria regredir; estamos próximos de um salto com o novo GAAAe em Jundiaí, não existe espaço para um sistema que não seja de alta qualidade.”

Vale ressaltar que a recente compra do KC-390 pela Suécia também não esteve atrelada à venda dos Gripen para a FAB ou à compra de mais sistemas da Saab pelo Brasil, ressaltando a posição da embaixada brasileira na Índia.
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