Jobim apresenta amanhã (14/11) a Lula proposta de aumento parcelado entre 27,62% e 37,04%
Ananda Rope | O Dia
BRASÍLIA - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, reúne-se amanhã com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a fim de discutir o reajuste dos vencimentos militares. Vão bater o martelo sobre os índices entre 27,62% e 37,04% na remuneração bruta, que depois serão apresentados à equipe econômica do governo. “Começamos as conversas na quarta-feira.
Tenho reunião marcada com o presidente às 16h”, confirmou Jobim ao ser abordado por O DIA logo após visita ao Hospital das Forças Armadas (HFA), no Distrito Federal.
“Primeiro é com o presidente da República, para montar um desenho, para depois conversar com os demais”, esclareceu, em referência aos colegas da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo.
A reunião de amanhã substitui a que Jobim havia anunciado para quarta-feira passada, quando não pôde comparecer à audiência com Lula e o ministro Paulo Bernardo. Na ocasião, não tratou do reajuste porque foi surpreendido pelo anúncio do fim das atividades da companhia aérea BRA, que deixou no chão 70 mil passageiros e colocou 1.100 funcionários em aviso prévio.
Conforme revelou ontem a Coluna Força Militar, o adiamento do encontro irritou praças e oficiais, sobretudo porque o Ministério da Defesa não emitiu nenhum comunicado de justificativa.
No encontro de amanhã, Jobim vai apresentar a Lula a proposta de divisão do aumento em duas parcelas: a primeira, retroativa a setembro deste ano, e a segunda, em setembro de 2008. Como o encontro é na véspera do aniversário da Proclamação da República, há grande expectativa de que a negociação seja acelerada, de modo que o aumento seja oficializado na data cívica, bem ao gosto dos quartéis.
Para a presidente da Unemfa (União Nacional das Esposas de Militares das Forças Armadas), Ivone Luzardo, antes tarde do que nunca: “Esperamos que não fiquem só nos estudos, mas que cheguem a um denominador comum”, disse.
Sucateamento, desprestígio e estocadas
O encontro com Lula acontece três dias após reportagem especial de O DIA ter apontado os baixos soldos militares associados ao sucateamento dos armamentos, tanques, aviões e navios como um dos motivos para deixar o Brasil em estado de inferioridade em relação a países vizinhos, como a Venezuela e o Chile.A indefinição sobre o aumento fez o ministro receber estocada até mesmo de antigos aliados, como o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ). Em discurso na Câmara Federal, na sexta-feira, o deputado ironizou a demora para a definição do aumento. “No dia 24, o ministro visitará a Academia das Agulhas Negras para acompanhar a formatura de aspirantes e provavelmente dirá em seu discurso: ‘Parabéns, vocês agora estão ganhando menos do que um soldado da PM de Brasília’. Isso é humilhante”, destacou.
Ontem, na visita ao Hospital das Forças Armadas (HFA), Jobim ficou sabendo que há carência de 996 profissionais na unidade. Segundo a assessoria de imprensa, a visita faz parte de um plano maior, que incluiu vistoria do ministro ao Hospital das Forças na Amazônia.
No HFA, Jobim foi recebido por comissão de militares das três Forças e contornou um constrangimento: em reunião no mês passado com mulheres de militares, ele ficou em maus lençóis, ao demonstrar desconhecer o significado da sigla e a situação da unidade.
Recrutas ainda sem índice
Os estudos da Defesa que serão levados a Lula prevêem reajuste dos vencimentos dos recrutas e têm, como exemplo-base, que o valor bruto pago aos aprendizes de marinheiro vai subir de R$ 600 para R$ 800 por mês. Assim, os aprendizes, posto inicial do grupo de praças especiais, terão reajuste de 33,33%. Os recrutas ganham hoje R$ 207, sem sofrer descontos. Para eles, não foi apontado um índice, mas garantido que sua remuneração está em análise.O estudo aponta para alterações nos “percentuais do adicional militar (pago de acordo com círculo hierárquico ao qual o militar pertence) de forma a que, ao final, os militares tenham um acréscimo no rendimento bruto entre 27,62% e 37,04%”, conforme O DIA antecipou no dia 1º. A idéia é que vencimentos menores tenham reajuste maior. A medida se estenderá a inativos e pensionistas, dando início a uma política de recuperação dos soldos.
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