Os especialistas americanos chamam os bombardeios Su-24 e aviões de assalto Su-25 de “maiores trunfos” da operação russa na Síria. O problema é que a aviação síria, segundo alguns dados, só dispõe-se de 150 aviões, que são bastante obsoletos para realizar operações aéreas em condições noturnas.
Sputnik
Em tais circunstâncias, os aviões russos podem ter um papel decisivo. A conjugação entre a aviação russa, o material bélico de origem russa ao serviço do exército sírio e a própria infantaria síria em perspectiva podem “limpar” os enclaves de terroristas e bloquear os jihadistas na fronteira turca e jordana. Depois disso, os esforços podem ser concentrados no leste da Síria onde os terroristas do Estado Islâmico, em zonas de deserto, serão alvos ideais para ataques das Forças Aeroespaciais russas.
| Sukhoi Su-25 © REUTERS/ Maxim Shemetov |
Mas como tem sido alcançado o sucesso da aviação russa? Junto com bombas regulares, os aviões usam as assim chamadas “bombas aéreas corrigidas” KAB-500 com orientação por laser e satélite. Elas “não se importam” com as condições meteorológicas, se é dia ou noite, e são guiadas pelo sistema de satélite russo Glonass. Segundo disse um dos membros da equipe de manutenção na base aérea russa na Síria numa entrevista ao jornal russo Komsomolskaya Pravda, a “bomba tem tal precisão que pode, se for preciso, atingir o cabo de uma pá colocada verticalmente”.
O sistema russo permite à aviação russa livrar-se da dependência dos EUA, ou seja, bombardear as posições dos terroristas independentemente do GPS. Isto é importante porque, como manifestou um dos altos comandantes das Forças Aeroespaciais da Rússia general-major Anatoly Nestechuk, a informação do GPS pode ser intencionalmente alterada. Segundo o general, a precisão do Glonass é hoje de 3-5 metros, o que já pode ser comparado com os índices do GPS.
O analista militar Aleksandr Bogatyrev sublinha que a Força Aérea russa usa também outros tipos de armas de alta precisão. Quando a mídia ocidental escreve que a tecnologia da aviação russa não será suficientemente moderna, “ou está fingindo ou não possui informação real”, o que não é de admirar, segundo o especialista, “porque os dados relativos a armas de alta precisão são um sigilo militar estatal”.
“Sem dúvida, temos suficientes armas desse tipo. Elas não cedem perante os modelos ocidentais. Há elementos que superam [os análogos ocidentais]. Além disso, eu sublinharia que a nossa operação na Síria não pode ser chamada de operação no sentido completo desta palavra. Ali operam, segundo dados oficiais, cerca de 50 aviões e helicópteros – é só um regimento! Concordem, é uma pequeníssima parte das nossas Forças Armadas se compararmos com os volumes que temos para o caso de uma guerra com adversários mais sérios”.
Os bombardeamentos são realizados à altitude de 5.000 metros, o que significa que os aviões ficam fora de alcance da maior parte de sistemas de defesa aérea portátil, como Igla, Strela e Stinger, explica Bogdanov:
“Os sistemas de defesa aérea portátil são usados até altitudes de 3,5 mil metros. Por isso, os nosso aviões são em princípio inacessíveis. Somente se o EI tiver complexos mais sofisticados e sérios, numa base qualquer, neste caso poderá haver ameaça. Mas a altitude máxima para os aviões Su-34 é até 17 mil metros. E, para além disso, os pilotos russos operam de maneira muito correta: os aviões levantam voo em direção ao mar, ganham grande atitude sobre o mar para garantir que ninguém os atinge e só em grande altitude entram no território controlado por terroristas. Tudo como foram ensinados na academia”.
Vale lembrar que a Rússia iniciou sua ofensiva aérea contra as posições do grupo terrorista Estado Islâmico na Síria na quarta-feira (30) em resposta a um pedido oficial de ajuda militar apresentado por Damasco.
Segundo os dados do Ministério da Defesa russo, os ataques lançados pelos caças Su-34, Su-24M e Su-25 já destruíram uma série de infraestruturas do Estado Islâmico e danificaram significativamente a rede de comando e apoio logístico dos militantes.
Os alvos dos ataques são escolhidos com base nos dados de reconhecimento russo e sírio, inclusive através de reconhecimento aéreo. Segundo o Ministério da Defesa russo, o equipamento dos aviões russos permite atingir alvos do Estado Islâmico em todo o território sírio com “precisão absoluta”.
O embaixador sírio na Rússia, Riad Haddad, confirmou que foram realizados ataques aéreos do exército sírio, apoiados pelas forças aeroespaciais russas, contra organizações terroristas armados, e não fações da oposição política ou civis.
Tags
Ásia
Daesh Estado Islâmico ISIS
EUA
Glonass
Jordânia
KAB-500
Oriente Médio
Rússia
Síria
Sukhoi Su-24 Fencer
Sukhoi Su-25 Gratchi Frogfoot
Turquia
