O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, criticou os "generais gordos" e as iniciativas de diversidade que, segundo ele, levaram a décadas de decadência nas Forças Armadas norte-americanas e disse em uma rara reunião de comandantes nesta terça-feira que os oficiais que não apoiam sua agenda devem se demitir.
Por Phil Stewart e Idrees Ali | Reuters
WASHINGTON - "Líderes políticos tolos e imprudentes definiram a direção errada da bússola e perdemos o rumo. Nós nos tornamos o 'Departamento dos Acordados'", disse Hegseth ao dar início ao evento em Quantico, Virgínia. "Mas não mais", disse ele.
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Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, discursa para oficiais militares em Quantico, no Estado norte-americano da Virginia 30/09/2025 Andrew Harnik/Pool via REUTERS |
Dirigindo-se a uma sala repleta dos principais generais e almirantes dos EUA, convocados de todo o mundo sem explicação na semana passada, Hegseth defendeu suas demissões de oficiais de bandeira, que incluem o principal general dos EUA, que é negro, e a principal almirante da Marinha, que é mulher. Ele disse que os oficiais que ele demitiu faziam parte de uma cultura desestruturada.
Ele prometeu mudanças radicais na forma como as queixas de discriminação são tratadas e como as acusações de irregularidades são investigadas no Pentágono, dizendo que o sistema atual faz com que os altos escalões andem "pisando em ovos".
"Se as palavras que estou dizendo hoje estão fazendo seus corações afundarem, então vocês deveriam fazer a coisa honrosa e se demitir", disse Hegseth.
"Sei que a grande maioria de vocês sente o contrário. Essas palavras enchem seus corações."
Hegseth criticou a aparência das tropas acima do peso, dizendo: "É completamente inaceitável ver generais e almirantes gordos nos corredores do Pentágono".
Ele disse que todos os testes de condicionamento físico seriam definidos somente para homens e enfatizou a importância dos padrões de aparência.
"A era da aparência não profissional acabou. Chega de barba", disse Hegseth à plateia, que ficou em silêncio.
TRUMP AOS COMANDANTES: EU PROTEJO VOCÊS
O presidente dos EUA, Donald Trump, ao sair para o evento, disse aos repórteres nesta terça-feira que demitiria líderes militares na hora se não gostasse deles.Trump então começou com uma piada ao subir ao palco para um discurso que durou mais de uma hora, dizendo: "Se vocês não gostarem do que estou dizendo, podem sair da sala, é claro, lá se vai sua patente, lá se vai seu futuro".
Mas, em seguida, ele falou calorosamente sobre os militares, em comentários às vezes errantes que abordaram questões como a proeza dos submarinos nucleares dos EUA, mas também incluíram críticas ferozes à mídia, ao ex-presidente Joe Biden e à Venezuela.
Ele fez eco a Hegseth quando voltou sua atenção para sua oposição às iniciativas de diversidade.
"Mérito. Tudo é baseado no mérito. Todos vocês se baseiam no mérito. Não vamos permitir que alguém tome seu lugar por motivos políticos, porque eles são politicamente corretos e você não", disse Trump.
"Estou com vocês. Eu os apoio e, como presidente, eu os apoio 100%", disse Trump.
O auditório estava cheio de oficiais superiores uniformizados, sentados em frente a um palco com uma grande bandeira dos EUA, um púlpito e placas com os dizeres: "Força. Serviço. América".
Enquanto Trump falava, vários oficiais estavam sentados sem expressão, e a sala estava muito mais silenciosa do que as multidões nas reuniões habituais de Trump. Um oficial da Marinha fazia anotações.
As Forças Armadas dos EUA devem ser apolíticas, leais à Constituição do país e independentes de qualquer partido ou movimento político. Isso cria uma pressão sobre os comandantes para que evitem reagir a comentários abertamente políticos, sejam eles de Trump ou de Hegseth.
(Reportagem adicional de Katharine Jackson, Doina Chiacu e Steve Holland)
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