Japão tenta acalmar crescente tensão com China sobre Taiwan

O Japão agiu na segunda-feira para conter uma crescente tensão com a China sobre Taiwan, o que levou Pequim a pedir aos cidadãos que suspendessem as viagens ao seu vizinho do leste asiático.


Por Tim Kelly e Liz Lee | Reuters

TÓQUIO/PEQUIM - A disputa eclodiu depois que a primeira-ministra Sanae Takaichi disse aos parlamentares japoneses neste mês que um ataque chinês a Taiwan que ameaçasse a sobrevivência do Japão poderia desencadear uma resposta militar.

Premiê do Japão Sanae Takaichi 24/10/2025 REUTERS/Kim Kyung-Hoon

Seus comentários romperam com a prática das administrações anteriores de evitar discussão pública de tal cenário, para não provocar Pequim, que reivindica a ilha autogovernada.

Masaaki Kanai, autoridade do Ministério das Relações Exteriores do Japão responsável pelos assuntos da Ásia e da Oceania, chegou à capital chinesa para se encontrar com seu homólogo, Liu Jinsong, segundo um vídeo transmitido pela agência de notícias Kyodo na segunda-feira.

Kanai deve explicar que a política de segurança do Japão não mudou e exortar a China a se abster de ações que prejudiquem os laços, de acordo com a mídia.

Taiwan está localizada a cerca de 110 km da ilha mais ocidental do Japão, Yonaguni, perto de rotas marítimas das quais Tóquio depende para embarques de energia. Japão também abriga a maior concentração de poder militar norte-americano fora dos Estados Unidos.

"Vários canais de comunicação estão abertos", disse o secretário-chefe de Gabinete do Japão em uma coletiva de imprensa regular, quando perguntado sobre a visita de Kanai.

"Fizemos uma solicitação firme para que o lado chinês tome as medidas apropriadas", afirmou ele, acrescentando que o alerta de viagem era incompatível com os esforços para promover laços estratégicos e mutuamente benéficos.

O primeiro-ministro da China, Li Qiang, no entanto, não tem planos de se encontrar com Takaichi nos bastidores da cúpula do G20 na África do Sul nesta semana, disse o Ministério das Relações Exteriores em Pequim.

Em vez disso, o Japão deve se retratar de suas falas "errôneas", declarou a porta-voz do ministério, Mao Ning, em uma coletiva de imprensa regular.

O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, disse que China está realizando um "ataque multifacetado" ao Japão, falando aos repórteres na cidade irmã da capital, Nova Taipé.

"Peço à comunidade internacional que continue prestando muita atenção e também exorto a China a exercer moderação e demonstrar a conduta condizente com uma grande potência, em vez de se tornar um causador de problemas para a paz e a estabilidade regionais", acrescentou.

No entanto, a tensão pode persistir por meses, disse Kenji Minemura, pesquisador sênior do Canon Institute for Global Studies.

"A China sabe que Takaichi não pode se retratar de seu comentário, portanto, o apelo do país não é para obter uma solução, mas para aumentar a pressão sobre o Japão", afirmou ele.

(Reportagem de Tim Kelly, Liz Lee, Tamiyuki Kihara, Yoshifumi Takemoto, Chang-Ran Kim e Kaori Kaneko; reportagem adicional de Ben Blanchard em Taipé)

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